Correio Braziliense - 16/04/2010
Depois de mais de um mês, o papa Bento XVI voltou a referir-se sobre o escândalo da pedofilia na Igreja para uma vez mais apontar um “ataque” à instituição e convocar “os católicos” a fazer “penitência pelos nossos pecados”. O tom de “contra-ataque” por parte da Santa Sé teve eco também na iniciativa do prefeito da Congregação para o Clero, o cardeal brasileiro dom Claudio Hummes, que enviou carta a 400 mil padres e 5 mil bispos convocando um ato em massa de desagravo ao pontífice na Praça de São Pedro, no Vaticano.
“Ante os ataques do mundo, que falam dos nossos pecados, lembramos que é necessário fazer penitência e, assim, reconhecer os erros cometidos em nossa vida”, disse Bento XVI ao pronunciar a homilia em uma missa reservada assistida por integrantes da Comissão Bíblica, na Capela Paulina. Falando a maior parte do tempo de improviso, o líder da Igreja referiu-se sempre “aos católicos”, sem distinguir sacerdotes e fiéis. “Nos últimos tempos, temos evitado a palavra penitência”, reconheceu. “Agora, vemos que é necessária a contrição, para nos abrirmos para o perdão.”
O tom ambíguo do pontífice, que menciona “erros” e “pecados” sem admitir explicitamente a responsabilidade da Igreja e de sua hierarquia pelos milhares de casos de abuso de menores por sacerdotes em todo o mundo, parece encorajar o Vaticano ao confronto com a mídia e a opinião pública. Foi o que transpareceu na iniciativa de dom Claudio Hummes, de convocar o maior número possível de religiosos ao Vaticano, em junho, para “oferecer ao nosso papa, o bem-amado Bento XVI, toda nossa solidariedade, nosso apoio e nossa confiança”. A ideia é aproveitar o encerramento do ano sacerdotal, entre 9 e 11 de junho, para contar com “a presença em massa dos padres no Vaticano, junto com Ele (sic)”, para manifestar “rejeição aos ataques injustos de que (o papa) é vítima”.
Movimento semelhante, porém em direção oposta, foi feito pelo teólogo suíço Hans Küng, um expoente da Teologia da Libertação, punido em 1979 pelo cardeal Joseph Ratzinger, na época prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé — posto que ocupou até ser eleito papa, em 2005, sob o nome pontifício de Bento XVI. Em carta aberta endereçada aos bispos e publicada pela imprensa europeia, Küng convocou o clero a rebelar-se contra o chefe da Igreja, atingida, na opinião do teólogo, por “uma crise de liderança e de confiança sem precedentes”. Küng pediu a convocação de um sínodo, ou mesmo um concílio, e explicitou seu chamado à rebelião contra o pontificado: “A obediência incondicional só se deve a Deus. Nenhuma autoridade humana merece essa obediência incondicional”.
BOM, ESPEREMOS QUE MUITOS, MUITOS, PADRES DO MUNDO INTEIRO SE DIRIJAM AO VATICANO. MAS SERÁ QUE ELES PRECISAM DEPOIS VOLTAR?????
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