segunda-feira, 5 de abril de 2010

Apoio ao Papa marca a Páscoa no Vaticano

Páscoa de apoio a Bento XVI
Autor(es): Agencia O Globo
O Globo - 05/04/2010

Decano do colégio dos cardeais defende Bento XVI e diz que sua liderança é 'inquebrantável'

O Papa Bento XVI recebeu na missa do domingo de Páscoa, na Praça de São Pedro, apoio de 400 mil padres e bispos, por meio do cardeal Angelo Sodano, decano do Colégio dos Cardeais. Ele disse que a liderança do Papa é “inquebrantável”, e se referiu a denúncias de abuso sexual como “fofoquinha”.

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CIDADE DO VATICANO

Um proeminente cardeal da Igreja Católica, em discurso proferido lado a lado com o Papa Bento XVI na tradicional missa de Páscoa da Santa Sé, fez ontem uma clara demonstração pública de apoio ao Pontífice diante dos escândalos de abusos sexuais que pairam sobre a instituição. Bispos de várias partes do mundo também voltaram a manifestar defesa a Bento XVI em uma série de artigos no jornal oficial do Vaticano, o “L’Osservatore Romano”, cujas manchetes reportavam uma “campanha grosseira” e uma “operação de difamação” contra o líder católico. Em seu discurso de Páscoa, o Papa não fez menções às acusações contra a Igreja.

Diante de dezenas de milhares de pessoas concentradas na Praça de São Pedro, o cardeal Angelo Sodano, ex-secretário de Estado do Vaticano e decano do Colégio dos Cardeais, afirmou no início da missa que a liderança de Bento XVI era “inquebrantável”, e que o Papa está sendo alvo de “fofoquinhas”, num tom distinto do usual numa missa de Páscoa. Sodano desejou feliz Páscoa ao Pontífice, garantindo que 400 mil padres e bispos de todo o mundo estavam ao lado de seu líder.

— Santo Padre, a seu lado está a gente de Deus, que não permite ser influenciada pela fofoquinha do momento, por desafios que às vezes sacodem a comunidade de crentes — afirmou ele a Bento XVI, a quem vítimas de pedofilia acusam de colaborar para acobertar e não punir os casos dentro da Igreja. — Com este espírito hoje nos colocamos ao seu lado, sucessor de Pedro (apóstolo), bispo de Roma, a inquebrantável rocha da santa Igreja.

Vestido com túnicas douradas, Bento XVI parecia cansado enquanto escutava o discurso de Sodano. Ao fim da fala do cardeal, o Pontífice levantouse para cumprimentá-lo, mostrando afeto com um abraço e um aperto de mão. Vaticanistas disseram não se lembrar de uma cena parecida numa celebração de Páscoa no Vaticano.

Reverendo pede desculpas a judeus

Ao fim da cerimônia de duas horas, Bento XVI ofereceu a tradicional mensagem de “Urbi et Orbi” (à cidade e ao mundo), analisando as esperanças e as falhas da Humanidade, diante de uma praça adornada com 25 mil flores coloridas. Em sua mensagem de Páscoa, o Papa também se dirigiu à América Latina, expressando solidariedade com Haiti e Chile, após os devastadores terremotos deste ano, e com região em geral na luta contra o narcotráfico.

— Aos países da América Latina e do Caribe que experimentam um perigoso aumento nos crimes ligados ao narcotráfico, que a Páscoa de Cristo imponha a vitória da convivência pacífica e o respeito do bem comum.

Da Alemanha, terra natal de Joseph Ratzinger, o chefe da conferência de bispos do país, Robert Zollitsch, fez um forte discurso defendendo a renovação da Igreja Católica, pedindo aos fiéis para enfrentar “os crimes odiosos, o lados escuros da Igreja”, sem abandoná-la. Zollitsch, que na sextafeira foi o primeiro bispo a reconhecer as falhas da Igreja na condução de casos de abusos sexuais de crianças por religiosos, fez referência ainda a uma “comunidade de pecadores”.

— Aqueles que recuam estão se perdendo da Igreja quando ela começar sua renovação. Somos uma comunidade de pecadores — afirmou.

Até agora, a contraofensiva do Vaticano à onda de escândalos fez água em pelo menos uma iniciativa do alto escalão. Diante dos protestos de líderes judeus, ontem o reverendo Raniero Cantalamessa, pregador-chefe da Casa Pontifícia, pediu perdão por ter comparado as acusações crescentes contra o Papa à perseguição antissemita.

Segundo afirmou em entrevista ao jornal “Corriere della Sera”, não houve intenção de ferir a sensibilidade dos judeus e das vítimas de pedofilia com o comentário.

"ESSA GENTE É DESCARADA!"

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