Autor(es): SIMONE IGLESIAS DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Folha de S. Paulo - 02/04/2010
Presidente não cita SP, mas diz que paralisações ajudaram a melhorar ações do governo
Sobre as multas que levou do TSE por propaganda antecipada, petista ironiza e diz que precisa se "conter" durante os seus discursos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou sua ida a um evento de educação para defender o direito de greve dos professores, dizer que a categoria não é valorizada e afirmar que não se conforma com os baixos salários pagos a eles.
Apesar de não ter citado a situação em São Paulo, a fala de Lula foi uma provocação ao governador e pré-candidato tucano à Presidência, José Serra, que enfrenta uma greve de professores há 25 dias. Os tucanos alegam que a greve é política.
Lula fez duas referências ao direito à greve, ao falar para cerca de 3.000 pessoas que estavam na 1ª Conferência Nacional de Educação.
Primeiro, ao listar uma série de ações do seu governo na área, disse: "Não pensem que a gente chegou até aqui apenas por nossa vontade. É porque as cobranças de vocês, as conferências de vocês, as greves de vocês, as conversas de vocês é que fizeram a gente entender que um governo bom não é aquele que governa dissociado do povo. Um governo bom é aquele que tem capacidade de colocar em prática como políticas públicas o que ouve em cada rua, em cada escola, em cada fábrica, em cada banco".
Depois, fez elogios ao ministro Fernando Haddad (Educação), chamando-o de "dádiva de Deus" e dizendo que ele soube formar uma boa equipe na pasta, capaz de atender às demandas do setor.
Para Lula, os professores em greve agem como uma "torcida organizada" para serem valorizados. "Um técnico não ganha jogo, é preciso que tenha bons jogadores do seu lado, e da torcida organizada, que são os educadores deste país que vão à luta, que brigam, que exigem, que fazem greve, que negociam, mas que, muitas vezes, não são valorizados.
"Lula afirmou que, nos últimos 30 anos, os professores tiveram a profissão "judiada", "sucateada" e "maltratada". De acordo com ele, os educadores costumam ser lembrados apenas no dia 15 de outubro-Dia do Professor.
"Não me conformo é alguém achar que um piso de R$ 1.020 é alto para uma professora que toma conta dos nossos filhos", disse, em referência ao valor nacional de referência do Ministério da Educação para professores da educação básica.
Ontem, a Folha mostrou que São Paulo caiu quatro posições no ranking de salário de docentes, ocupando a 14ª posição entre os 27 Estados. No sistema paulista, o salário é de R$ 1.834, para uma jornada de 40 horas semanais.
Multas
No evento, o presidente ironizou as multas que recebeu do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). "Hoje eu vou ler o meu discurso porque estou sendo multado todo dia, e daqui a pouco eu vou ter que trabalhar o resto da vida para pagar multa. Eu vou me conter", disse, ao ser aplaudido. Os professores gritaram palavras de apoio à candidatura de Dilma Rousseff: "O povo decidiu. Agora é a Dilma presidente do Brasil".
Lula disse ainda que rejeita a ideia de se tornar "ex-presidente" e que, quando acabar seu mandato, continuará "andando pelo país".
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