Autor(es): RENATO FERRAZ
Correio Braziliense - 03/04/2010
A Igreja Católica voltou novamente ao centro das atenções em função dos casos de pedofilia, sodomia, pederastia e outras coisas mais praticadas por padres e bispos. Dois deles chocaram bastante. Um, agravado devido à proximidade conosco, pelas cenas grotescas de vídeo em que um monsenhor faz sexo com um rapaz em Arapiraca, no sertão alagoano. O outro, por citar o papa Bento XVI: quando arcebispo de Munique, ele acolheu em uma de suas paróquias um padre acusado de abusar de crianças. Mas há outro episódio gravíssimo que passou despercebido por aqui (só o jornalista Alberto Dines o abordou): o do padre mexicano Marcial Maciel. Ele, que morreu em 2008, abusava de jovens seminaristas e, pasmem, dos próprios filhos. Sim, ele tinha três filhos com uma mulher que conheceu quando ela tinha 18 anos. Um deles contou recentemente em detalhes como o pai o obrigava a masturbá-lo. Mas por que esse caso, no meio de tantos, é tão singular? Porque o padre Maciel é fundador da poderosa Legião de Cristo, uma das instituições mais conservadoras do catolicismo. E não, não estou sendo leviano: os próprios legionários foram a público reconhecer esse lado mais obscuro, digamos assim, do seu patrono. Sob o manto da legião, vivem, segundo o jornal espanhol El País, 900 padres, 3 mil seminaristas e mais de 70 mil leigos. É por essas e outras que esse fenômeno está chegando cada vez mais perto da cúpula da Igreja Católica — na melhor das hipóteses, ela até agora pecou por omissão, como no caso de Marcial Maciel, há muito denunciado, e no do então arcebispo Ratzinger. Junto a tudo isso vem a tiracolo a discussão, nem sempre baseada em argumentos religiosos, sobre a necessidade da manutenção do celibato (regra não dogmática que impede os padres de se casar). Ora, acabar com o solteirismo dos 400 mil sacerdotes em todo o mundo implicaria alguma redução nos escândalos? Provavelmente não. Sou católico e contra o celibato, mas devemos usar outros argumentos para tentar acabá-lo. Afinal, e isso é uma constatação empírica, o maior número de revelações se refere à prática do homossexualismo — algo, e aqui não se faz juízo de valor, presente em qualquer profissão ou segmento social e econômico. Quanto à pedofilia, ela deve ser tratada como é: um crime. Que a Igreja entregue os seus à justiça dos homens. No geral, porém, não é por não serem casadas que essas pessoas estão pondo a Igreja em evidência.
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"O que fazer então? Pra rematar la vai uma sugestão: mantenha seu filho menor de idade longe de padres e religiosos em geral. Os especialistas dizem que a pedofilia está em todas as partes e não existe como reconhecer um pedófilo previamente, mas a proporção destes na comunidade religiosa inspira cuidados." http://www.medioparaiba.com.br/revista/noticia.php?l=159d7dccd7712392e22b4b41da7245e4
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