sábado, 15 de maio de 2010

A favor de cotas no mestrado

Autor(es): # Lúcio Vaz
Correio Braziliense - 15/05/2010


Com representantes do movimento negro, Dilma defende ampliação da reserva de vagas



A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, aprovou ontem a proposta de criação de bolsas de pós-graduação para negros. O apoio foi manifestado no Encontro Nacional de Negras e Negros do PT, no Centro de Convenções Brasil 21, na presença do ministro da Promoção da Igualdade Racial, Eloi Ferreira de Araújo, que anunciou anteontem a criação de 250 bolsas para afrodescendentes. A ex-ministra falava das conquistas para os negros no governo Luiz Inácio Lula da Silva quando foi interrompida por uma militante, que gritou: “Cota para mestrado!” Dilma respondeu prontamente: “Isso, cota para mestrado”. Outro militante acrescentou: “Cota para doutorado!” Ela voltou a repetir a palavra de ordem.

A pré-candidata entrou no auditório cercada por integrantes do grupo de candomblé Axé Opó Afonja. Recebeu presentes, assistiu a danças típicas e a uma rápida apresentação do cantor de Rap Gog. No refrão de uma de suas músicas, uma cantora negra dizia: “A carne mais barata do mercado é a negra, a carne mais marcada pelo Estado é a negra”.

Dilma afirmou que a criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SPPIR) assegurou várias conquistas no governo Lula. E fez um chamamento aos militantes: “O que nos une é o compromisso de que isso vai continuar. Vamos fazer políticas afirmativas e de cotas, queiram eles ou não! Temos que assumir o compromisso com a eliminação da miséria nesta década”, reforçou. Ela lembrou as críticas ao Prouni, programa que concede bolsas para estudantes carentes, negros e indígenas: “Diziam que o Prouni iria nivelar por baixo o ensino, porque atenderia pobres e negros. Erraram! Quem tem se saído melhor são os negros e os pobres”.

Acrescentou, então, que agora serão necessárias novas conquistas: “Temos que ter compromisso com a saúde negra. Temos que ter negros no Itamaraty. É compromisso do governo Lula. O Brasil estava de costas para a África. Hoje, o presidente foi a todos os países africanos. Reconheceu a dívida com os países negros e com nossos negros”. Ela defendeu também a aprovação de um estatuto da igualdade racial. Afirmou que as conquistas não podem ser “uma política de governo, têm que ser uma política de Estado”. No fim, disse que queria assumir “o mesmo compromisso que o presidente Lula assumiu com vocês em 2002 e 2006, quando foi candidato. Contem comigo, porque eu conto com vocês!”


SINDICATO PUNIDO
O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo foi multado em R$ 7 mil pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por propaganda eleitoral negativa contra a pré-candidatura de José Serra à Presidência da República. A professora Maria Izabel Azevedo Noronha, integrante da entidade, também foi multada.

Novo look

A pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, usou o Encontro do Movimento Negro do partido para estrear um visual repaginado. Ela convocou de São Paulo o hair stylist Celso Kamura, considerado o cabeleireiro das estrelas, que passou a tarde em Brasília para deixar a petista com as madeixas mais curtas e claras. Assim, decretou-se o fim do penteado dos tempos em que ela desfilava na Casa Civil em nome de um tom mais “Marta Suplicy”. Celso Kamura é o responsável pelos penteados das apresentadores Angélica, Ana Hickman e da atriz Grazi Massafera. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, disse que Dilma “está tão bonita que está arretada”.


Sem novas multas

Tiago Pariz

Depois de ter sido multada em R$ 5 mil pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por campanha antecipada, Dilma Rousseff disse que irá pagará o valor devido e que sua campanha analisa eventuais correções de rumo para evitar novas sanções. “A multa é uma decisão da Justiça e a gente respeita”, afirmou a pré-candidata, depois de participar da Missa de Solidariedade com os Excluídos, em Brasília.

A defesa da ex-ministra, cujo responsável é o advogado Márcio Silva, entrou ainda ontem no TSE contra cinco representações ajuizadas, além da julgada na noite de quinta. As representações acusam o presidente, a ministra e entidades ligadas ao PT, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), de propaganda eleitoral em favor da pré-candidata.

A defesa argumenta não haver prática de propaganda antecipada, tampouco comprovação de que Dilma teve conhecimento prévio de eventuais pedidos de voto. “Vamos olhar direito o que está acontecendo para não ter repetição”, disse a ex-ministra da Casa Civil.

A propaganda publicitária do PT veiculada na quinta-feira trouxe a petista como grande estrela, mas não foi caracterizada como campanha antecipada na visão de Dilma. A pré-candidata saiu em defesa da comparação feita por Lula na peça publicitária entre ela e o líder sul-africano Nelson Mandela. “O presidente queria destacar as similaridades das ditaduras porque elas deixam pouca opção para as pessoas que recorrem aos meios que dispõe naquele momento”, disse, reconhecendo que, pelo tempo de prisão que ela e Mandela cumpriram, a comparação é inócua. “Ele ficou 27 anos e eu fiquei 3 anos e meio, mas o sentido não é esse”, reforçou.

A participação de Dilma da Missa dos Excluídos faz parte da estratégia do PT de reforçar a convicção católica da pré-candidata. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, tentou minimizar a importância da questão religiosa na campanha eleitoral. “O que norteia um bom administrador não tem a ver com crença católica, muçulmana ou umbandista, mas os fatos têm mostrado que a religião é (importante)”, disse. Na missa, Dilma recebeu bilhetes de fiéis e terços e elogiou a celebração.

O presidente do PT reuniu-se ontem com sindicalistas ligados à legenda para discutir documento que será incluído no programa de governo da pré-candidata. O encontro foi organizado pelo secretário sindical petista, João Felício, e teve a participação do presidente da CUT, Arthur Henrique.

Nenhum comentário:

Postar um comentário