Autor(es): Rodrigo Couto
Correio Braziliense - 06/05/2010
Porta-voz diz que posição de dom Dadeus Grings, afirmando que a sociedade é pedófila, não representa o pensamento da entidade
Bruno Peres/CB/D.A Press
Dom Angélico lamenta excesso de permissividade nos dias atuais
Um dia depois da polêmica declaração do arcebispo de Porto Alegre, dom Dadeus Grings, de que a sociedade atual é pedófila, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apressou-se em ressaltar que esse não é o pensamento da entidade. Segundo o porta-voz da 48ª Assembleia Geral da CNBB, dom Orani João Tempesta, “os bispos podem emitir opinião sobre qualquer assunto, mas que essa não é uma posição oficial”.
Ao longo do dia, outros religiosos também manifestaram posicionamento contrário ao de Grings. Para dom Angélico Sândalo, bispo emérito de Blumenau (SC), a sociedade atual não é pedófila, mas há uma permissividade nos tempos de hoje. “Basta entrar em qualquer locadora para ver a quantidade de filmes pornográficos exposta. Não há um controle da sexualidade e da afetividade. Nesse mundo, que é bonito, é um tempo de grandes problemas”, argumentou.
Citando a Bíblia — “E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra, e que fosse lançado no mar” —, Sândalo afirmou que há uma grande diferença entre crianças e adolescentes abusados sexualmente. “As pessoas englobam como se fosse a mesma coisa. O que eu não quero dizer que se deva tocar num adolescente. Mas é diferente. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), prevê, inclusive, sanções diferentes para quem praticar esses crimes contra crianças e adolescentes”, observou.
Na opinião de Angélico Sândalo, vai chegar um dia em que a Igreja Católica permitirá o casamento de padres do rito latino — modelo seguido pelos religiosos brasileiros. “Não vai demorar muito para isso acontecer. Acho que é saudável e só acrescenta. Outros ritos, como os orientais e os maronitas, já permitem o casamento de padres”, destacou.
Belo Monte
Outro tema abordado pelos participantes do encontro foi o leilão da usina de Belo Monte. Conhecido por seu trabalho ao lado da irmã norte-americana Dorothy Stang, assassinada em fevereiro de 2005, o presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e bispo prelado do Xingu (PA), dom Erwin Krautler, acredita no cancelamento do leilão. “O assunto não está encerrado. Foi uma soma de absurdos e a batalha judicial está apenas começando”.
Ao lembrar os dois encontros que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre Belo Monte, dom Erwin lamentou a posição do governo em dar prosseguimento à venda da usina. “Ele (Lula) garantiu que não haveria atropelos, tendo em vista que é um projeto que vai afetar diretamente as populações indígenas.”
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