Autor(es): LARISSA GUIMARÃES - DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Folha de S. Paulo - 14/05/2010
Documento contra a ordenação de religiosos gays é divulgado por bispos brasileiros após discussões sobre pedofilia
CNBB diz que, apesar de respeitar os homossexuais, a Igreja não pode admitir em sua estrutura quem apoia "a chamada cultura gay"
Quase dez dias após debates sobre vários temas, entre eles denúncias de pedofilia envolvendo padres, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou ontem um documento de orientação em que reforça a recomendação para que seja evitada a ordenação de homossexuais.
A lista foi dividida em três partes -a primeira trata da formação de novos padres.
A recomendação diz que a Igreja deve "ater-se" a um documento produzido em 2005, aprovado pela Santa Sé.
O título desse texto, também polêmico, é "Instrução sobre os critérios de discernimento vocacional acerca de pessoas com tendências homossexuais e da sua admissão ao seminário e às ordens sacras".
O documento define que, "embora respeitando profundamente as pessoas em questão, [a Igreja] não pode admitir ao seminário e às ordens sacras aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada cultura gay".
"Estas pessoas encontram-se, de fato, numa situação que obstaculiza gravemente um correto relacionamento com homens e mulheres", pontua o documento, em seguida.
Escândalos
O principal objetivo do texto divulgado ontem pela confederação dos bispos é explicar como agir em casos de denúncias de abusos sexuais que tenham o envolvimento de membros da Igreja Católica.
O assunto foi discutido na Assembleia Geral da confederação. Recentemente, padres foram acusados de abuso de menores nos Estados de São Paulo e Alagoas.
Ontem, o presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, defendeu a recomendação.
"A posição da Igreja não pode ser interpretada como se fosse discriminatória, como se fosse de condenação ou de repúdio às pessoas que trazem a característica da homossexualidade", declarou Rocha.
"A questão se coloca em outro nível. A Igreja tem direito de estabelecer critérios para conceder o sacramento da ordem, constituir alguém como sacerdote", completou.
Ainda em relação à formação dos novos padres, a CNBB indicou que deverá ser feita uma "acurada seleção dos candidatos" ao seminário, com testes que permitam a admissão de pessoas "com indispensável saúde física e mental, somada aos atributos de equilíbrio moral, psicológico e espiritual".
Outra orientação foi a suspensão do padre de suas funções na paróquia quando surgirem denúncias, como a Folha havia adiantado ontem.
No documento fechado ontem, a CNBB pediu perdão às vítimas de abuso sexual, reconhecendo "o mal irreparável a que foram acometidas".
Nenhum comentário:
Postar um comentário