sexta-feira, 14 de maio de 2010

CNBB cobra Ficha Limpa no Senado

Autor(es): # Rodrigo Couto
Correio Braziliense - 14/05/2010




O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Lyrio Rocha, afirmou ontem que os políticos que criam dificuldades para a aprovação do projeto da Ficha Limpa — que prevê a inelegibilidade de candidatos com histórico criminal — são os que têm problemas com a Justiça. “Se alguém se coloca contra a proposta, está confessando que tem a ficha suja.” A declaração, dada logo após o encerramento da 48ª Assembleia Geral da CNBB, foi um recado ao Senado, onde a proposição aguarda votação. Para vigorar nas eleições deste ano, a proposta deve ser aprovada pela Casa até 9 de junho.

A Igreja Católica faz lobby para que os senadores não apresentem emendas ao Ficha Limpa. “Esperamos que a proposta no Senado tenha o mesmo tratamento, o mesmo destino que teve na Câmara: ser aprovada da maneira como foi apresentada. Os destaques foram todos derrubados. A Câmara fez isso em tempo bastante rápido e agora aguardamos que o Senado adote a mesma atitude”, disse dom Geraldo, que também é arcebispo de Mariana (MG).

Ao citar o amplo apoio da população ao projeto — protocolado com mais de 1,6 milhão de assinaturas —, o presidente da CNBB pediu sensibilidade aos senadores. “Deus queira que o Senado seja sensível à expressão da sociedade civil. Isso (o abaixo-assinado) deve levar os parlamentares a uma reflexão”, observou o bispo.

Otimista para a aprovação do Ficha Limpa no Senado, o secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, acredita no aval dos senadores antes de 9 de junho. “Houve gente que dizia que era mais fácil boi voar do que o projeto ser aprovado na Câmara. Após a derrubada dos 11 destaques e a aprovação pela Câmara, o comentário é que já estão vendo boi voando”, ironizou.

Abusos sexuais
Reunidos por 10 dias em Brasília, os mais de 300 bispos atuantes e eméritos (aposentados) de todo o país que participaram da Assembleia Geral da CNBB divulgaram ontem documentos aprovados sobre os abusos sexuais praticados por integrantes do clero e sobre a terceira edição do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3). No primeiro texto, os bispos expressaram compromisso e empenho na investigação dos casos de abusos sexuais na igreja, prometendo empenho nas medidas canônicas e civis a serem tomadas.

Em relação ao PNDH 3, a assembleia concluiu que há elementos de consenso que podem e devem ser implementados imediatamente. Entretanto, o documento reafirma a posição contrária da Igreja sobre o aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, profissionalização do sexo e adoção de crianças por casais homoafeitvos.

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