sábado, 29 de outubro de 2011

Prédio da USP ocupado

Autor(es): » Ullisses Campbell
Correio Braziliense - 29/10/2011

Cerca de 200 estudantes avisam que só deixam a faculdade quando policiais militares saírem da universidade

São Paulo — Depois de entrar em confronto com a Polícia Militar (PM), que tentava deter três alunos que fumavam maconha no estacionamento do câmpus, estudantes da Universidade de São Paulo (USP) pediram, ontem, formalmente à reitoria a saída de militares do maior centro acadêmico do país. Essa seria a condição para que cerca de 200 alunos desocupem o prédio administrativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Em nota, o reitor João Grandino Rodas diz não ter competência para ordenar a retirada dos guardas armados da cidade universitária, na Zona Oeste de São Paulo. O departamento jurídico da universidade entrou na Justiça com pedido de reintegração de posse.

Depois de 30 anos proibida de atuar no local devido a rixas durante a ditadura, a Polícia Militar voltou à USP em maio deste ano após o assassinato de um aluno. E coleciona, principalmente com estudantes das humanas, situações de conflito. Nas blitzes montadas nas principais entradas do câmpus, é comum alunos se recusarem a mostrar documentos ou mesmo a abrir o porta-malas do carro para fiscalização. "Não mostro mesmo documentos para esses policiais. Eles não têm moral alguma para nos revistar", diz Patrícia Advenssude, 23 anos, estudante de letras.

A gota d"água foi a abordagem feita por três policiais na noite da última quinta-feira a três estudantes que fumavam maconha no estacionamento da Faculdade de Economia e Administração. Segundo os PMs, eles pediram que os dois estudantes os acompanhassem até a delegacia. Não houve resistência, mas um grupo de alunos se aproximou, dizendo que os policiais não tinham "autoridade moral" para fazer esse tipo de ação no câmpus.

O impasse entre PMs e estudantes ganhou adesão de funcionários e acabou em conflito. Pelo menos 200 universitários invadiram a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas na tentativa de impedir que os estudantes fossem detidos. Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores da USP disse que a PM é violenta e não sabe lidar com estudantes de universidades públicas. Já a polícia afirma que conteve a manifestação sem violência e assegura que só houve confronto porque os estudantes atacaram um carro da corporação em que estava um delegado. De acordo com a PM, três policiais ficaram feridos e cinco carros da corporação foram danificados.


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