quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A Palestina à espera da paz



Época - 10/10/2011
A maioria dos moradores da Cisjordânia apoia o pedido de um Estado na ONU e defende a ação popular pacífica para que algo saia do papel
TAMARA SCHIPPER (TEXTO) E TED NIETERS (FOTOS),, DA CISJORDÂNIA
O discurso de Mahmoud Abbas pelo reconhecimento da Palestina como Estado pleno nas Nações Unidas reacendeu a esperança de seu povo de um dia governar a terra onde vive da maneira que achar melhor e de ver Israel apenas como um vizinho. Mas a única coisa que efetivamente aconteceu logo depois daquela sexta-feira, 23 de setembro, foi o sábado, dia 24. Quem vive nos territórios palestinos sabe que, independentemente do que for decidido no Conselho de Segurança da ONU daqui a algumas semanas, o Estado não se tornará realidade sem a concordância da outra parte – o governo de Israel.
ÉPOCA foi a Jerusalém Oriental e à Cisjordânia, ambos territórios ocupados pelos israelenses na Guerra dos Seis Dias, em 1967, para testemunhar o dia a dia dos palestinos e saber o que pensam sobre a iniciativa de Abbas. A maioria o apoia e descarta a via das armas como uma forma de alcançar a soberania integral. É um sinal de que um eventual avanço nas negociações de paz dentro dos gabinetes teria acolhida nas ruas. Ao contrário da Faixa de Gaza, o outro território palestino onde o Hamas impõe sua política de negar a existência de um Estado judeu, a população da Cisjordânia parece cansada de guerra. Mas nem por isso está inerte. “A melhor forma de resistir (à ocupação israelense) é seguir participando das manifestações”, diz Attalla Tamimi, morador de Nabi Saleh, um pequeno vilarejo que desde 2009 é palco de protestos contra o controle de uma nascente d’água por parte de um assentamento israelense vizinho. Ex-integrante da equipe de seguranças do líder palestino Yasser Arafat, Tamimi foi membro de uma milícia ligada ao partido Fatah, que governa a Cisjordânia, mas renunciou à violência armada. “Queremos um Estado sem cercas, sem assentamentos, só isso”, diz ele. O desejo de Tamimi e dos palestinos ouvidos nesta reportagem só vai ocorrer se Abbas e o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, se entenderem. A expressão da vontade popular palestina pode ajudar a acelerar isso.

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