segunda-feira, 5 de março de 2012

Nas creches já inauguradas, horário integral e um professor em cada sala


Autor(es): Agência o globo:Sérgio Marques
O Globo - 04/03/2012

Em Goiás, unidades ensinam brincando; em PE, expectativa pela inauguração Demétrio Weber, Letícia Lins e Marcelle Ribeiro ANÁPOLIS e FORMOSA (GO), SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE e SURUBIM (PE), ITU e TATUÍ (SP). O centros de educação infantil do ProInfância que já começaram a funcionar são disputados pelos pais e recebem elogios. Além de prédios amplos e limpos, com banheiros infantis separados por turma e faixa etária, eles servem até quatro refeições diárias e podem funcionar em horário integral. Cada sala tem uma professora e uma auxiliar de educação. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) fornece dois modelos padronizados de projeto arquitetônico para 120 e 240 crianças. Existe a opção de reduzir o número de alunos, caso a prefeitura opte por atender as crianças em horário integral. É assim que funcionam as duas unidades do ProInfância já inauguradas em Anápolis e Formosa, em Goiás. Em Anápolis, a creche foi batizada de Zilda Arns e atende 138 crianças, a maioria em horário integral, com entrada às 7h e saída às 17h, podendo ir até as 18h. Nas oito salas, ilustrações com números e letras são coladas nas paredes. As crianças ouvem histórias, desenham, pintam, brincam com massinha e escrevem. - Nosso lema é ensinar brincando - resume a diretora Sandra Costa. Secretária de Educação de Anápolis, Virgínia Maria Pereira de Melo é uma entusiasta do modelo. Ela admite demora no início das obras, mas diz que a experiência dos últimos anos permitirá acelerar a execução do programa. A meta é ter 25 unidades do ProInfância até 2014. Virgínia conta que um dos convênios ainda não saiu do papel porque a primeira e a segunda empresas contratadas por licitação desistiram da obra. Em Formosa, o Centro Municipal de Educação Infantil Maria Aparecida Hamu Opa chegou a ser inaugurado em janeiro de 2011, mas só começou a funcionar em setembro. A secretária de Educação Ione Magalhães Antonini diz que a demora foi causada por supostas falhas apontadas pela vistoria do MEC. Depois, o Tribunal de Contas dos municípios de Goiás teria impedido a contratação de profissionais de apoio, por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal. - Estava com a creche inaugurada, mas não tinha servidores para trabalhar. É uma linha de duas mãos de culpas. Hoje ninguém nos pega mais - diz Ione, prometendo maior celeridade na construção de três unidades. Ana Paula Costa do Nascimento, de 3 anos, gosta tanto da creche do ProInfância em Formosa que chora na hora de ir embora. O pai, José Durval Costa, de 55 anos, conta que a menina faz questão de acordar cedo para ir de manhã: - Ela adora. Para a empregada doméstica Greice Kelle Sousa Porto, de 20 anos, que leva e busca o filho de bicicleta, a creche é o que permite que ela trabalhe: - Sem, não ia ter como. Em duas creches, 590 crianças atendidas Construídas com verbas federais em parcerias com as prefeituras a custos superiores a R$1 milhão, as creches das cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Surubim, ambas no Agreste, estão praticamente concluídas, segundo o relatório do MEC. No entanto, as creches Terezinha Figueiroa de Siqueira, em Santa Cruz, e Maria Isabel ainda não estão recebendo as 590 crianças já matriculadas. Mas as secretarias de Educação dos dois municípios asseguram que até o final da primeira quinzena deste mês os dois estabelecimentos entram em operação. Na Terezinha Figueiroa, a mobília está instalada e até a despensa já está abarrotada de alimentos não perecíveis. - Vamos receber 290 alunos e só aguardamos a chegada de 300 brinquedos educativos, livros e computadores para o laboratório de informática - conta a diretora Mônica Miriam Gonçalves de Araújo, que semana passada administrava curso de capacitação para os 47 funcionários, enquanto uma nutricionista ensinava as merendeiras a preparar o alimento do bebês. Na creche Maria Isabel, em Surubim, que o MEC também classificou como praticamente concluída, o mato já exige poda. Secretaria de Educação do município, Maria Berenice Pessoa conta que a unidade já recebeu os brinquedos, mas aguarda os computadores e os livros, que estão em processo de licitação. Ao todo, 300 crianças entre 0 e 4 anos estão matriculadas.












Crianças fora da escola

Autor(es): Mônica Sifuentes
Correio Braziliense - 04/03/2012

Desembargadora Federal - TRF 1ª Região

Há uma frase atribuída a Millôr Fernandes segundo a qual "as estatísticas são iguais aos biquínis: mostram tudo, mas escondem o essencial". Foi mais ou menos com esse sentimento que os brasileiros receberam a notícia, no início do mês passado, de que havia no país, em 2010, 3,8 milhões de crianças e jovens, entre 4 e 17 anos, fora da escola. A informação, divulgada pela imprensa nacional, causou espanto. Isso porque as estatísticas até então apresentadas com euforia pelo Ministério da Educação mostravam um Brasil que caminhava a passos largos para a eliminação completa do analfabetismo, com crescimento expressivo e ascendente das vagas oferecidas para os ensinos fundamental e médio. Se a coisa andava tão bem assim, por que tantas crianças e adolescentes se encontravam do outro lado do muro que separa a vida escolar do mero vaguear pelas ruas?

Os dados revelados pelo movimento Todos pela Educação, com base no resultado preliminar do Censo de 2010, foram realmente preocupantes: há pelo menos 1.156.846 crianças entre 4 e 5 anos sem atendimento escolar e 1.728.015 jovens de 15 a 17 anos fora das salas de aula. Conclui-se, portanto, que pelo menos dois fatores de fundamental importância foram desconsiderados pelos números oficiais: de um lado, a carência no oferecimento de creches e pré-escolas para as crianças pequenas e, de outro, o alto índice de evasão escolar.

A face oculta da moeda, representada pelo número significativo de crianças e adolescentes fora da escola, confirma a assertiva de que, para se garantir o direito pleno de acesso à educação, não basta a abertura de vagas nos estabelecimentos de ensino. Há 40 anos o grande pedagogo Paulo Freire alertava que o problema da educação no Brasil não se resolveria com a aritmética, que chamou de "bancária", resumida na simples equação de quantos estavam dentro e quantos estavam fora da escola. Tampouco funcionaria a aplicação de medidas coercitivas, impostas a pais e alunos, obrigando à frequência. O efetivo compromisso com a educação somente se realizaria com o fornecimento do ensino fundamental de qualidade, apto a favorecer a construção da cidadania e o desenvolvimento integral do homem.

No entanto, o que se tem visto no Brasil é que, uma vez ultrapassada a barreira do acesso à escola, a criança tem pouco ou nenhum incentivo para nela permanecer. As causas da evasão são variadas, e vão desde a falta de transporte escolar e de material didático até à necessidade de trabalhar ou de ajudar os pais em casa. A falta de interesse em permanecer na escola, entretanto, parece ser a maior delas.

De fato, a dinâmica da comunicação e das informações na sociedade de hoje, com a internet e redes sociais, mudou a forma tradicional de transmissão do conhecimento. Com isso, tanto o mundo virtual, como o mundo real, do lado de fora do muro, se apresenta para o jovem muito mais atrativo e interessante. A maior parte das escolas ainda não está pronta para esse desafio, muito embora se lhes destinem computadores e laptops para uso dos alunos. A formação de professores motivados e capacitados a lidar com as novas ferramentas é fator essencial para a transformação do ambiente escolar em algo mais dinâmico e inovador.

Outro fator que merece reflexão é a questão do currículo, muitas vezes distante da realidade e do cotidiano vivido pelos alunos. A relação entre a cultura da escola e a cultura local é fundamental para a consolidação da cidadania. Como esperar que os cidadãos do futuro participem da votação de planos diretores municipais, de orçamentos e projetos comunitários, se desconhecem o ambiente geográfico e social em que vivem?

O Brasil está hoje entre as seis maiores economias do mundo e os otimistas dizem que chegará à 5ª posição, em 2015. A presidente Dilma afirmou mais de uma vez que o desenvolvimento do país depende da educação. Devemos, pois, depositar nesse ponto o nosso maior empenho. Para isso não basta colocar as crianças dentro da escola. É preciso fazer que elas gostem de ficar lá






domingo, 4 de março de 2012

Trabalhadores da Adidas, Nike e Puma em Bangladesh foram maltratados



AFP

Trabalhadores de Bangladesh que fabricam artigos esportivos para Puma, Nike e Adidas foram agredidos fisicamente, afirma o jornal britânico The Observer.

Os bengaleses que trabalham em fábricas destas três marcas, que patrocinam os Jogos Olímpicos de Londres-2012, afirmaram que foram agredidos, insultados e assediados sexualmente, segundo o jornal.

"Em uma fábrica da Puma, dois terços dos trabalhadores entrevistados foram agredidos, socados, empurrados ou insultados", afirma o Observer, que investigou as fábricas em conjunto com a organização War on Want.

Em uma fábrica da Adidas, muitas funcionárias afirmaram que foram obrigadas a retirar as peças que usavam para cobrir os seios.

Trabalhadores das três empresas tinham horários superiores ao limite legal, com remunerações inferiores ao salário mínimo.

Uma porta-voz da Nike afirmou que a empresa está investigando as acusações.

"A Nike leva muito a sério as condições de trabalho de nossas fábricas", disse.

A Adidas destacou que suas fábricas de Bangladesh estavam submetidas a inspeções regulares e que no ano passado identificou "pontos críticos" a respeito dos horários de trabalho e dos salários em uma de suas unidades.

A empresa garantiu ao Observer que a questão dos salários foi solucionada. Também destacou que estava preocupada com as informações de assédio ou agressão física dos trabalhadores, e que investigará as acusações.

A Puma informou ter detectado provas de que funcionários estavam trabalhando mais horas do que o previsto em uma de suas fábricas e se comprometeu a resolver o problema.






sábado, 3 de março de 2012

O papa em Cuba


Ações do documentoAutor(es): Frei Betto
Correio Braziliense - 02/03/2012

Escritor, é autor de Sinfonia Universal %u2013 a cosmovisão de Teilhard de Chardin (Vozes), entre outros livros

Para desgosto e fracasso das pressões diplomáticas da Casa Branca, o papa Bento XVI chega a Cuba em 26 de março. Fica três dias na ilha, após entrar na América Latina pelo México. A 28 de março, celebra missa na Praça da Revolução, em Havana. Bento XVI celebrará, em Santiago de Cuba – histórica cidade do Quartel Moncada, onde Fidel iniciou a luta revolucionária, em 1953 – os 400 anos da aparição da Virgem da Caridade do Cobre.

Em 1998, logo após o papa João Paulo II encerrar sua visita a Cuba, participei de almoço oferecido por Fidel a um grupo de teólogos. Em certo momento, um teólogo italiano manifestou, do alto de seu esquerdismo, indignação pelo fato de o pontífice haver presenteado a Virgem da Caridade com uma coroa de ouro.

Fidel não escondeu seu desconforto. E reagiu: "A Virgem do Cobre não é apenas padroeira dos católicos de Cuba. É padroeira da nação cubana". E passou a relatar como sua mãe, Lina Ruz, católica devota, fez ele e Raúl prometerem que, se saíssem vivos de Sierra Maestra, haveriam de depositar suas armas junto ao santuário para pagar a promessa que ela fizera. Em 1983, ao visitar o santuário pela primeira vez, vi ali as armas.

Por essas "cristoincidências" que só a fé explica e as pesquisas elucidam, a Virgem da Caridade e Nossa Senhora Aparecida têm tanto em comum quanto Cuba e Brasil. Como disse Inácio de Loyola Brandão, "Cuba é uma Bahia que deu certo". As duas imagens foram encontradas durante a colonização: lá, em 1612, a espanhola; aqui, em 1717, a portuguesa. As duas, na água. As duas achadas por três pescadores. Lá, no mar; aqui, no Rio Paraíba. As duas são negras.

O papa chega a Cuba no momento em que o país passa por mudanças substanciais, sem, no entanto, abandonar seu projeto socialista. Há um processo progressivo de desestatização, abertura à iniciativa privada, e mais de 2 mil prisioneiros foram soltos nos últimos meses.

Hoje, as relações entre governo e Igreja Católica podem ser qualificadas de excelentes. Já não há na ilha resquícios do clero de origem espanhola e formação franquista, que tanto incrementou o anticomunismo nos primeiros anos da Revolução, quando um padre promoveu a criminosa Operação Peter Pan: convenceu os pais de 14 mil crianças de que haveriam de perder o pátrio poder e que seus filhos passariam às mãos do Estado...

Carregou as crianças para Miami, sem pais e mães, e o resultado, como se pode imaginar, foi catastrófico. A revolução não foi derrotada pela invasão da Baía dos Porcos, patrocinada pelo governo Kennedy, nem todas as crianças escaparam de um futuro de delinquência, drogas e outros transtornos. Milhares jamais foram localizadas depois pelas famílias.

Tanto o Vaticano quanto os bispos cubanos são contrários ao bloqueio que os EUA impõem à ilha. Pode-se discordar de muitos aspectos do socialismo daquele país, mas ninguém jamais viu a foto de uma criança cubana jogada na rua, famílias morando debaixo da ponte e máfias de drogas. Em Havana, um outdoor exibe um menino sorridente com esta frase abaixo da foto: "Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma delas é cubana".

Cuba tem muitos defeitos, mas não o de negar a 11 milhões de habitantes os direitos humanos fundamentais: alimentação, saúde, educação, moradia, trabalho e arte (vide o cinema e o Buena Vista Social Club). O que mereceu elogios de João Paulo II durante sua visita de sete dias – uma das mais longas de seu pontificado.

Hoje, Cuba recebe, proporcionalmente, mais turistas que o Brasil. O que é uma vergonha para nosso país de dimensões continentais e com tantos atrativos. A diferença é que Cuba promove não apenas turismo de lazer (suas praias são paradisíacas), mas também turismo científico, cultural, artístico e desportivo.

A Revolução Cubana resiste há 54 anos, malgrado os atos terroristas contra aquele país, descritos em detalhes no best-seller de Fernando Morais, Os últimos cinco soldados da guerra fria (Companhia das Letras, 2011). E o fato de suportar, no seu litoral, a base estadunidense em Guantánamo, que lhe rouba parte do território, para utilizá-lo como cárcere de supostos terroristas sequestrados mundo afora. Quem sabe a resistência cubana seja mais um milagre da Virgem da Caridade...




Obama pede cautela a Israel


documento
Autor(es): » CAROLINA VICENTIN
Correio Braziliense - 03/03/2012

À espera do premiê Netanyahu, presidente insiste na diplomacia para isolar o regime islâmico

A três dias de receber em Washington o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o presidente Barack Obama deixou ontem evidente a preocupação dos Estados Unidos com um possível ataque de Israel a instalações nucleares do Irã. Enquanto Netanyahu, em visita ao Canadá, convocou a comunidade internacional a conter o regime islâmico em sua "busca implacável por armas nucleares", Obama recomendou cautela para não "ajudar" o adversário, agora que, avalia, o regime de sanções imposto pelas Nações Unidas coloca o país em dificuldades econômicas e isolamento diplomático.

"Em um momento no qual o Irã não goza de muita simpatia, e no qual seu único aliado (a Síria) está em plena ebulição, vamos querer uma distração que permita ao Irã se apresentar como vítima?", questionou Obama, em entrevista publicada ontem pela revista The Atlantic. O tema iraniano, sobre o qual os dois governos têm discordado, será o principal assunto durante o encontro com Netanyahu, na próxima segunda-feira.

"O governo iraniano sente essa pressão e percebe que o custo de seu programa nuclear está aumentando. Isso dá aos EUA uma oportunidade de dissuadir o regime da ideia de se armar com esse tipo de tecnologia", avalia Alireza Nader, especialista em conflito Irã-Israel na consultoria Rand Corporation. "Além disso, não há nenhuma evidência de que o Irã realmente tenha decidido criar essas armas, embora ele esteja desenvolvendo essa capacidade", lembrou ele, em entrevista ao Correio. Mesmo com as diferenças quanto à condução da crise, o presidente americano ressaltou a amizade entre os dois países e a disposição de conter a nuclearização do Irã até por meios militares, se necessário.

"O governo israelense reconhece que, como presidente dos EUA, eu não blefo", assegurou Obama. "Tanto o Irã como Israel reconhecem que, quando os EUA dizem ser inaceitável que o Irã tenha uma arma nuclear, queremos dizer exatamente isso", frisou. As tentativas do presidente, no entanto, podem não ser suficientes para evitar uma guerra. Quanto mais o tempo passa, mais Israel faz questão de ressaltar sua disposição de atacar. O Irã, por sua vez, não dá sinais de que pensa em retroceder. "É como um jogo de pôquer. A gente não sabe quem está blefando e quem está disposto a mostrar as cartas. Mas vamos descobrir isso nas próximas semanas ou meses", disse à reportagem James Lindsay, analista do Conselho de Relações Exteriores.

Eleições
Enquanto isso, na República Islâmica, milhões de eleitores foram às urnas escolher os novos componentes do Majlis (parlamento). A votação está sendo encarada como um novo teste para o regime, que sofre com um racha interno e com a descrença de boa parte da população. O governo não divulgou nenhum número sobre o comparecimento, mas o Ministério de Relações Exteriores afirmou que houve grande participação. "A população está protegendo o país", disse oporta-voz Ramin Mehmanparast. Segundo ele, a presença dos iranianos "frustrou" as expectativas do Ocidente. A emissora britânica BBC informou, em seu site, que alguns apoiadores do presidente Mahmud Ahmadinejad teriam sido orientados a boicotar a eleição. A oposição reformista, cujos principais candidatos foram vetados, decidiu boicotar o pleito.