sábado, 3 de março de 2012

Obama pede cautela a Israel


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Autor(es): » CAROLINA VICENTIN
Correio Braziliense - 03/03/2012

À espera do premiê Netanyahu, presidente insiste na diplomacia para isolar o regime islâmico

A três dias de receber em Washington o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o presidente Barack Obama deixou ontem evidente a preocupação dos Estados Unidos com um possível ataque de Israel a instalações nucleares do Irã. Enquanto Netanyahu, em visita ao Canadá, convocou a comunidade internacional a conter o regime islâmico em sua "busca implacável por armas nucleares", Obama recomendou cautela para não "ajudar" o adversário, agora que, avalia, o regime de sanções imposto pelas Nações Unidas coloca o país em dificuldades econômicas e isolamento diplomático.

"Em um momento no qual o Irã não goza de muita simpatia, e no qual seu único aliado (a Síria) está em plena ebulição, vamos querer uma distração que permita ao Irã se apresentar como vítima?", questionou Obama, em entrevista publicada ontem pela revista The Atlantic. O tema iraniano, sobre o qual os dois governos têm discordado, será o principal assunto durante o encontro com Netanyahu, na próxima segunda-feira.

"O governo iraniano sente essa pressão e percebe que o custo de seu programa nuclear está aumentando. Isso dá aos EUA uma oportunidade de dissuadir o regime da ideia de se armar com esse tipo de tecnologia", avalia Alireza Nader, especialista em conflito Irã-Israel na consultoria Rand Corporation. "Além disso, não há nenhuma evidência de que o Irã realmente tenha decidido criar essas armas, embora ele esteja desenvolvendo essa capacidade", lembrou ele, em entrevista ao Correio. Mesmo com as diferenças quanto à condução da crise, o presidente americano ressaltou a amizade entre os dois países e a disposição de conter a nuclearização do Irã até por meios militares, se necessário.

"O governo israelense reconhece que, como presidente dos EUA, eu não blefo", assegurou Obama. "Tanto o Irã como Israel reconhecem que, quando os EUA dizem ser inaceitável que o Irã tenha uma arma nuclear, queremos dizer exatamente isso", frisou. As tentativas do presidente, no entanto, podem não ser suficientes para evitar uma guerra. Quanto mais o tempo passa, mais Israel faz questão de ressaltar sua disposição de atacar. O Irã, por sua vez, não dá sinais de que pensa em retroceder. "É como um jogo de pôquer. A gente não sabe quem está blefando e quem está disposto a mostrar as cartas. Mas vamos descobrir isso nas próximas semanas ou meses", disse à reportagem James Lindsay, analista do Conselho de Relações Exteriores.

Eleições
Enquanto isso, na República Islâmica, milhões de eleitores foram às urnas escolher os novos componentes do Majlis (parlamento). A votação está sendo encarada como um novo teste para o regime, que sofre com um racha interno e com a descrença de boa parte da população. O governo não divulgou nenhum número sobre o comparecimento, mas o Ministério de Relações Exteriores afirmou que houve grande participação. "A população está protegendo o país", disse oporta-voz Ramin Mehmanparast. Segundo ele, a presença dos iranianos "frustrou" as expectativas do Ocidente. A emissora britânica BBC informou, em seu site, que alguns apoiadores do presidente Mahmud Ahmadinejad teriam sido orientados a boicotar a eleição. A oposição reformista, cujos principais candidatos foram vetados, decidiu boicotar o pleito.










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