Autor(es): Ana Dubeux
Correio Braziliense - 29/07/2012
O Brasil sempre foi um país condenado ao olhar impiedoso daqueles que o enxergam como o reino do jeitinho, da impunidade, da tibieza de suas instituições. Junto ao crescimento que experimenta na seara econômica e até no jogo político democrático, tem tido a chance de reinventar sua imagem. Os esforços para abrir arquivos da ditadura e instituir a comissão da verdade estão aí para derrubar mais alguns obstáculos nesse caminho. Nesta semana, no entanto, será estendido o tapete vermelho para essa passagem civilizatória. O cidadão acompanhará o julgamento dos réus do chamado mensalão, o escândalo que contaminou o fim do primeiro mandato de Lula e colocou 38 pessoas diante das acusações de formação de quadrilha, peculato, corrupção ativa e passiva, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Não é pouca coisa, principalmente porque significa o desfecho do caso, independentemente do resultado.
O maior julgamento da República levará o brasileiro a uma viagem no tempo, ao fechamento de um longo período de sete anos e, principalmente, o resgatará de um esquecimento, tão comum quando se trata de crimes políticos. Nesse período, as pessoas nasceram, morreram, tiveram
filhos ou os viram partir, casaram-se, viajaram, trabalharam, compraram a casa própria e tocaram a vida sem que a lembrança de Delúbio Soares, Marcos Valério, Roberto Jefferson e companhia limitada queimasse uma só de suas pestanas. Houve, sim, a decepção, mas o show continua.
Passaram a indignação coletiva, as eleições que deram a Lula seu segundo mandato, as outras eleições que colocaram a sucessora de Lula como a primeira mulher a presidir o Brasil. Dilma adoeceu e se curou, Lula adoeceu e se recupera, o delator Jefferson enfrenta problemas de saúde e não estará no Supremo Tribunal Federal durante o longo julgamento. Passaram bois e boiadas, inclusive sobre a cabeça dos brasilienses, que dormiram um dia e acordaram de frente com uma senhora encrenca chamada Pandora.
O Brasil continuou perdendo gente para o trânsito, para as doenças crônicas, para as drogas. Perdeu também o fio condutor para uma educação de qualidade, enquanto a classe política discute se o caso mensalão, agora novamente no foco, vai ou não influenciar nas próximas eleições. Mas é bom saber que desta vez não perderá a memória. O julgamento retoma, resgata uma parte da história brasileira, que poderá ser contada com início, meio e fim.
Correio Braziliense - 29/07/2012
O Brasil sempre foi um país condenado ao olhar impiedoso daqueles que o enxergam como o reino do jeitinho, da impunidade, da tibieza de suas instituições. Junto ao crescimento que experimenta na seara econômica e até no jogo político democrático, tem tido a chance de reinventar sua imagem. Os esforços para abrir arquivos da ditadura e instituir a comissão da verdade estão aí para derrubar mais alguns obstáculos nesse caminho. Nesta semana, no entanto, será estendido o tapete vermelho para essa passagem civilizatória. O cidadão acompanhará o julgamento dos réus do chamado mensalão, o escândalo que contaminou o fim do primeiro mandato de Lula e colocou 38 pessoas diante das acusações de formação de quadrilha, peculato, corrupção ativa e passiva, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Não é pouca coisa, principalmente porque significa o desfecho do caso, independentemente do resultado.
O maior julgamento da República levará o brasileiro a uma viagem no tempo, ao fechamento de um longo período de sete anos e, principalmente, o resgatará de um esquecimento, tão comum quando se trata de crimes políticos. Nesse período, as pessoas nasceram, morreram, tiveram
filhos ou os viram partir, casaram-se, viajaram, trabalharam, compraram a casa própria e tocaram a vida sem que a lembrança de Delúbio Soares, Marcos Valério, Roberto Jefferson e companhia limitada queimasse uma só de suas pestanas. Houve, sim, a decepção, mas o show continua.
Passaram a indignação coletiva, as eleições que deram a Lula seu segundo mandato, as outras eleições que colocaram a sucessora de Lula como a primeira mulher a presidir o Brasil. Dilma adoeceu e se curou, Lula adoeceu e se recupera, o delator Jefferson enfrenta problemas de saúde e não estará no Supremo Tribunal Federal durante o longo julgamento. Passaram bois e boiadas, inclusive sobre a cabeça dos brasilienses, que dormiram um dia e acordaram de frente com uma senhora encrenca chamada Pandora.
O Brasil continuou perdendo gente para o trânsito, para as doenças crônicas, para as drogas. Perdeu também o fio condutor para uma educação de qualidade, enquanto a classe política discute se o caso mensalão, agora novamente no foco, vai ou não influenciar nas próximas eleições. Mas é bom saber que desta vez não perderá a memória. O julgamento retoma, resgata uma parte da história brasileira, que poderá ser contada com início, meio e fim.
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