Ari Cunha - Visto, Lido e Ouvido - Ari Cunha
Correio Braziliense - 08/04/2012
Toda história que revolva a vida de um contra outro deve ser contada como cada um entende. A verdade um dia chegará. Unanimidade é difícil e burra. Não há moeda igual pelos dois lados. Revoltosos contra o governo, que era militar, resolveram fazer guerrilha. Lugar escolhido, o Araguaia. Guerrilheiros chegaram, conseguiram a confiança de parte dos moradores. O governo militar criou a defesa. Prendia os guerrilheiros, encapuzava-os e os levava para lugar escolhido. Jogaram sobre a mata equipamento químico, usado para matar as folhas durante guerra em outro país. A região ficou por conta dos militares, que vigiavam a área descampada. Ali era o ponto de confissão e declaração sobre o que desejavam os revoltosos. Telegrafista da FAB explicou que DC-3, avião antigo, possuía cabine de comando com mais tripulantes. Os presos eram levados ao lugar preparado, encapuzados e com escorpiões em redor. Ao retirar o capuz, temiam diante do perigo. Era a maneira como o governo militar esperava conhecer o que estava acontecendo. No escuro, todos sabiam que o interesse era extinguir o comando militar. Esse era detalhe da época. Um militar pediu autorização para chegar ao acampamento dos revoltosos e explicou a razão. Desejava trocar o soldado preso por um capitão. Dada autorização, o militar chegou ao acampamento. Procurou entregar um capitão e receber de volta o soldado preso. Aconteceu o pior. O capitão levou um tiro na testa, morreu na hora, e o soldado desapareceu do campo de batalha. Quem o levava fez a declaração aos superiores. Silêncio total. A coisa não parou aí. Foi preso na mata um revoltoso. Sabendo o que ia acontecer, confessou tudo e se prontificou a dizer mais sobre quem conhecia em miúdos. Não há confirmação de nome. Na época, espalhou-se que era um deputado dos mais convictos da revolução. Acanhado, contou o que sabia para segurar a própria vida. Depois, conta-se que vivia macambúzio, maldizendo a covardia de haver traído o movimento que defendia com ardor para salvar a própria vida.
Correio Braziliense - 08/04/2012
Toda história que revolva a vida de um contra outro deve ser contada como cada um entende. A verdade um dia chegará. Unanimidade é difícil e burra. Não há moeda igual pelos dois lados. Revoltosos contra o governo, que era militar, resolveram fazer guerrilha. Lugar escolhido, o Araguaia. Guerrilheiros chegaram, conseguiram a confiança de parte dos moradores. O governo militar criou a defesa. Prendia os guerrilheiros, encapuzava-os e os levava para lugar escolhido. Jogaram sobre a mata equipamento químico, usado para matar as folhas durante guerra em outro país. A região ficou por conta dos militares, que vigiavam a área descampada. Ali era o ponto de confissão e declaração sobre o que desejavam os revoltosos. Telegrafista da FAB explicou que DC-3, avião antigo, possuía cabine de comando com mais tripulantes. Os presos eram levados ao lugar preparado, encapuzados e com escorpiões em redor. Ao retirar o capuz, temiam diante do perigo. Era a maneira como o governo militar esperava conhecer o que estava acontecendo. No escuro, todos sabiam que o interesse era extinguir o comando militar. Esse era detalhe da época. Um militar pediu autorização para chegar ao acampamento dos revoltosos e explicou a razão. Desejava trocar o soldado preso por um capitão. Dada autorização, o militar chegou ao acampamento. Procurou entregar um capitão e receber de volta o soldado preso. Aconteceu o pior. O capitão levou um tiro na testa, morreu na hora, e o soldado desapareceu do campo de batalha. Quem o levava fez a declaração aos superiores. Silêncio total. A coisa não parou aí. Foi preso na mata um revoltoso. Sabendo o que ia acontecer, confessou tudo e se prontificou a dizer mais sobre quem conhecia em miúdos. Não há confirmação de nome. Na época, espalhou-se que era um deputado dos mais convictos da revolução. Acanhado, contou o que sabia para segurar a própria vida. Depois, conta-se que vivia macambúzio, maldizendo a covardia de haver traído o movimento que defendia com ardor para salvar a própria vida.
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