Verissimo
O Globo - 13/11/2011
Glass e Steagall não eram uma dupla de cantores folclóricos como Simon e Garfunkel ou o nome de uma empresa famosa como Black e Decker. Mas, embora ninguém saiba muito a respeito deles, foram nomes importantes na recente vida econômica dos Estados Unidos e, por consequência, do mundo. Os dois eram congressistas e autores de uma lei que proibia os bancos comerciais de também serem bancos de investimento e limitava a sua ação no mercado financeiro às tarefas bancárias tradicionais. Foi a revogação da Lei Glass e Steagall que permitiu aos bancos inventarem mil e uma maneiras de lucrar com o jogo sem controle do capital, uma farra que deu no estouro do Lehman Brothers e foi o começo da crise que nos abala até hoje. Glass e Steagall deram sua breve contribuição à história das boas intenções frustradas e desapareceram, vencidos pelo lóbi da ganância. Não sei se ainda vivem ou ainda são congressistas. Talvez tenham formado uma dupla folclórica.
O caso deles é o da inconformidade de uma minoria, a dos banqueiros, mal explicada e transformada numa reivindicação geral. Coisa parecida aconteceu no Brasil com a CPMF. A boa ideia do então ministro, dr. Jatene, de taxar transações financeiras para financiar a saúde pública, falhou porque o dinheiro arrecadado na sua curta vigência estava sendo usado pelo governo para tudo menos a saúde pública, mas principalmente porque os mais incomodados com a contribuição forçada, a minoria que movimentava grandes quantias, conseguiram demonizá-la a tal ponto que até quem não tinha movimentação bancária alguma a esconjurava. A maioria aderiu sem pensar ao lóbi do dinheiro inconformada contra a CPMF, que se bem administrada continua sendo uma boa e justa ideia.
Nos Estados Unidos parte da revolta dos manifestantes contra Wall Street e tudo que ela representa se deve à falta de decisão do Barack Obama em enfrentar as financeiras. A desregulação continua. Ainda não se viu nas manifestações nenhuma faixa dizendo "Onde estão Glass e Steagall agora que precisamos deles?", mas os dois têm tudo para se transformar em heróis retroativos. Se a lei deles tivesse vingado, nada disto teria acontecido.
Glass e Steagall não eram uma dupla de cantores folclóricos como Simon e Garfunkel ou o nome de uma empresa famosa como Black e Decker. Mas, embora ninguém saiba muito a respeito deles, foram nomes importantes na recente vida econômica dos Estados Unidos e, por consequência, do mundo. Os dois eram congressistas e autores de uma lei que proibia os bancos comerciais de também serem bancos de investimento e limitava a sua ação no mercado financeiro às tarefas bancárias tradicionais. Foi a revogação da Lei Glass e Steagall que permitiu aos bancos inventarem mil e uma maneiras de lucrar com o jogo sem controle do capital, uma farra que deu no estouro do Lehman Brothers e foi o começo da crise que nos abala até hoje. Glass e Steagall deram sua breve contribuição à história das boas intenções frustradas e desapareceram, vencidos pelo lóbi da ganância. Não sei se ainda vivem ou ainda são congressistas. Talvez tenham formado uma dupla folclórica.
O caso deles é o da inconformidade de uma minoria, a dos banqueiros, mal explicada e transformada numa reivindicação geral. Coisa parecida aconteceu no Brasil com a CPMF. A boa ideia do então ministro, dr. Jatene, de taxar transações financeiras para financiar a saúde pública, falhou porque o dinheiro arrecadado na sua curta vigência estava sendo usado pelo governo para tudo menos a saúde pública, mas principalmente porque os mais incomodados com a contribuição forçada, a minoria que movimentava grandes quantias, conseguiram demonizá-la a tal ponto que até quem não tinha movimentação bancária alguma a esconjurava. A maioria aderiu sem pensar ao lóbi do dinheiro inconformada contra a CPMF, que se bem administrada continua sendo uma boa e justa ideia.
Nos Estados Unidos parte da revolta dos manifestantes contra Wall Street e tudo que ela representa se deve à falta de decisão do Barack Obama em enfrentar as financeiras. A desregulação continua. Ainda não se viu nas manifestações nenhuma faixa dizendo "Onde estão Glass e Steagall agora que precisamos deles?", mas os dois têm tudo para se transformar em heróis retroativos. Se a lei deles tivesse vingado, nada disto teria acontecido.
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