Recentemente, as políticas educacionais do Brasil voltaram-se para a educação tecnológica, campo do conhecimento voltado essencialmente para a formação técnica nos níveis médio e pós-médio e na qualificação profissional pautada no conhecimento científico e na inovação tecnológica no ensino superior.
Apesar de pertinentes para o contexto de ascensão socioeconômica que o país vive nos últimos anos, tais políticas encontram-se desconectadas da realidade de muitas instituições, especialmente as de ensino superior no Brasil.
Isto se agrava principalmente em algumas instituições privadas. As dificuldades aparecem sob vários aspectos, tais como: alunos (as) vindos (as) do ensino médio mal preparados (as) para enfrentar um curso de nível superior, bibliotecas com livros desatualizados, qualificação profissional dos docentes inferior ao das instituições públicas, pouco incentivo em pesquisa e inovação tecnológica e a falta de equipamentos, principalmente para a realização de experimentos e até mesmo manuseio dos mesmos.
Dessa forma, transparece uma falta de comprometimento dos gestores destas instituições para com os (as) estudantes. A educação tecnológica, como o próprio nome indica, pressupõe investimentos na inovação tecnológica, científica e na preparação de profissionais para o mercado de trabalho. Já passou a época em que apenas giz, quadro e livros faziam um bom profissional. Evidente que certas práticas pedagógicas ditas “tradicionais” devem estar presentes, porém, não devem ser as únicas como se observa atualmente.
Para um bom curso superior de tecnologia são necessários projetos de pesquisa nas áreas científica e tecnológica, treinamento envolvendo aparatos tecnológicos presentes em agroindústrias e demais setores produtivos, desenvolvimento de projetos de extensão nos meios de produção e setor de serviços, currículos voltados para o mercado de trabalho, bem como aulas dinâmicas com fundamentos científicos.
Da forma como vem sendo desenvolvidos os cursos superiores de tecnologia hoje, pautados na simples exposição de conteúdos teórico-coneceituais pode-se pensar até mesmo em propaganda enganosa, praticada por diversas instituições. Cabe aos estudantes verificarem as práticas pedagógicas e, dessa forma, exigirem uma formação adequada para o atual contexto em que estamos inseridos.
Do contrário, serão graduados, porém não devidamente qualificados.
ISONEL SANDINO MENEGUZZO (GÉOGRAFO, DOUTORANDO EM GEOGRAFIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ)
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